quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sérgio Godinho em Águeda

Ouço Sérgio Godinho desde que me lembro! Não foi uma descoberta minha, é uma espécie de herança familiar que fui acolhendo de forma natural e continuando de forma consciente. Mas, para além dos LP's, cassetes e CD'S lá da casa, os concertos são algo que me fui habituando a apreciar. Em palco, SG fala além dos sons e das palavras, fala com as mãos, com os olhos, com o sorriso,... com as rugas. Deixa transparecer a teatralidade das suas letras, com gestos e movimentações dando vida a personagens, envolvendo a melodia, acentuando as diferenças de ritmo e interpretando as diferenças de espírito. É um músico que gosto de ouvir na intimidade dos pequenos concertos ou no meio de uma plateia calorosa.

Em Águeda, no mês passado, a sala do Cine-Teatro S. Pedro estava esgotada e mais gente teria se mais bilhetes houvera - enquanto estive na entrada várias pessoas chegaram ainda à procura de bilhete já inexistente. Lá dentro, já só com alguns lugares no balcão, a distância era grande e a visibilidade reduzida o que fez com que optasse por ver o concerto em pé junto às escadas laterais, que se foram preenchendo de gente. Custou um bocado a aquecer a plateia durante as primeiras músicas, mas a coisa compôs-se e ao meu lado começaram-se também a ouvir os refrões e as palmas nos momentos mais dinâmicos. À minha frente gritavam-se ainda algumas palavras de ordem de outros tempos (ou não!) - inevitável em concertos desta geração.

Sérgio Godinho apresenta os seus espectáculos mais recentes na mesma linha do Nove e meia no Maria Matos - o CD ao vivo que resultou de uma série de concertos no teatro da capital há uns tempos atrás. Assim, ouviram-se alguns clássicos, como Com um brilhozinho nos olhos ou Primeiro dia, apresentaram-se as canções recentes, como Às vezes o amor ou Marcha centopeia, recuperaram-se velhos temas com novas vestes, como Dias úteis ou Arranja-me um emprego, e do público pedia-se aquele ou o outro tema deixado para trás... ao meu lado gritava-se, em vão, Domingo no mundo e Cão raivoso.

Deixo-vos com É tão bom - canção d'Os Amigos do Gaspar, recuperada para os concertos há dois ou três anos, perante inesperados pedidos do público.




O próximo concerto é já no sábado em Almada e seguem-se (durante mais três meses) Lousada, Lagoa, Sesimbra, Arcos de Valdevez, Guimarães e Vagos.

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